Foto: Rádio Vaticano |
Cidade do Vaticano (RV) - Inicia-se neste Domingo de Ramos (09/04) a
Semana Santa.
O Papa Francisco presidiu a missa deste domingo, na Praça São Pedro, que
contou com a participação de vários fiéis e peregrinos, cerca de quarenta mil
pessoas.
“Esta celebração tem, por assim dizer, duplo sabor: doce e amargo. É
jubilosa e dolorosa, pois nela celebramos o Senhor que entra em Jerusalém,
aclamado pelos seus discípulos como rei; ao mesmo tempo, porém, proclama-se
solenemente a narração evangélica de sua Paixão. Por isso, o nosso coração
experimenta o contraste pungente e prova, embora numa medida mínima, aquilo que
deve ter sentido Jesus em seu coração naquele dia, quando rejubilou com os seus
amigos e chorou sobre Jerusalém”, disse o Pontífice.
“Há trinta e dois anos a dimensão jubilosa deste domingo tem sido
enriquecida com a festa dos jovens: a Jornada Mundial da Juventude, que, este
ano, se celebra no âmbito diocesano, mas daqui a pouco viverá, nesta Praça, um
momento sempre emocionante, de horizontes abertos, com a passagem da Cruz dos
jovens de Cracóvia para os do Panamá.”
“O Evangelho, proclamado antes da procissão, apresenta Jesus que desce
do Monte das Oliveiras montado num jumentinho, sobre o qual ainda ninguém se
sentara; evidencia o entusiasmo dos discípulos, que acompanham o Mestre com
aclamações festivas; e pode-se, provavelmente, imaginar que isso contagiou os
adolescentes e os jovens da cidade, que se juntaram ao cortejo com os seus
gritos. O próprio Jesus reconhece neste jubiloso acolhimento uma força
irreprimível querida por Deus, respondendo assim aos fariseus escandalizados:
«Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão».”
“Mas este Jesus, cuja entrada na Cidade Santa estava prevista
precisamente assim nas Escrituras, não é um iludido que apregoa ilusões, um
profeta «new age», um vendedor de fumaça. Longe disso! É um Messias bem definido,
com a fisionomia concreta do servo, o servo de Deus e do homem que caminha para
a paixão; é o grande Padecente da dor humana”, frisou o Papa.
“Assim, enquanto festejamos o nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que
Ele deverá padecer nesta Semana. Pensemos nas calúnias, nos ultrajes, nas
ciladas, nas traições, no abandono, no julgamento iníquo, nas pancadas, na
flagelação, na coroa de espinhos... e, por fim, no caminho da cruz até à
crucificação.”
“Ele tinha dito claramente aos seus discípulos: «Se alguém quer vir
comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga». Nunca prometeu honras
nem sucessos. Os Evangelhos são claros. Sempre avisou os seus amigos de que a
sua estrada era aquela: a vitória final passaria através da paixão e da cruz.
E, para nós, vale o mesmo. Para seguir fielmente a Jesus, peçamos a graça de o
fazer não por palavras mas com as obras, e ter a paciência de suportar a nossa
cruz: não a recusar nem jogar fora, mas, com os olhos fixos n’Ele, aceitá-la e
carregá-la a cada dia.”
“Este Jesus, que aceita ser aclamado, mesmo sabendo que O espera o
«crucifica-o!», não nos pede para O contemplarmos apenas nos quadros, nas
fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não. Está presente em muitos
dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem tribulações como Ele:
sofrem com o trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as
doenças... Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos
interesses que se movem por trás das armas que não cessam de matar. Homens e mulheres
enganados, violados na sua dignidade, descartados.... Jesus está neles, em cada
um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser
enxergado, reconhecido, amado.”
“Não há outro Jesus: é o mesmo que entrou em Jerusalém por entre o
acenar de ramos de palmeira e oliveira. É o mesmo que foi pregado na cruz e
morreu entre dois ladrões. Não temos outro Senhor para além d’Ele: Jesus,
humilde Rei de justiça, misericórdia e paz.”
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